
Ok, eu não sabia se colocava esse post no Genérico.com ou aqui, mas como no fim das contas achei o tema pertinente aos dois, resolvi postar em ambos.
Sou uma grande fã da Norah Jones e como estamos chegando pertinho do show dela aqui no Rio ( 16/11) me inspirei a deixar algo registrado a respeito.
Tenho uma memória (absurdamente) seletiva, esqueço tudo, quem me conhece sabe, mas alguns fatos pontuais me marcam tanto que lembro os detalhes. E isso pode ser algo amplamente banal, como o dia em que me dei conta de como meu pai era enorme para mim ( eu tinha seis anos de idade) e da sensação gigantesca de admiração que senti por ele naquele momento. E pode ser algo como essa situação específica.
Já contei essa história mais ou menos nesse post aqui no meu quase morto fotolog. Resumindo de forma bem grotesca ( = sem graça), eu a conheci mexendo em cds do meu pai. O post do fotolog é mais legal, mas isso não vem ao caso. O meu ponto é que existem músicas e músicas, assim como existem artistas e artistas.
Como assim, né? Então, todo mundo ouve muita coisa de muitos músicos, bom, assim deduzo eu, mas tem sempre aqueles poucos que mexem diferente com a gente. A Norah Jones se enquadra nessa categoria. Pra mim, a experiência do som dela transcende o musical, ela me remete à lugares, sentimentos, cheiro, é praticamente uma experiência 3D, rs. Explicando um pouco mais racionalmente, acredito que existem alguns músicos, esses que te trazem experiências sensoriais, que formam uma conexão com você, uma identificação com a sua personalidade que seria o seu "match" musical ideal.
Tá, eu sei que é doidera, mas essa é a única explicação que me convence para justificar o link tão perfeito.
Às vezes a gente gosta de um artista, ou então nem gostamos muito, mais de tanto ouví-lo acabamos acostumando com o som e passamos a curtir. E tem aqueles que você ouve na primeira vez e apaixona de cara. Essa categoria é mais rara e especial também.
Foi o meu caso com a Norah Jones. Na época ela ainda não tinha bombado, não tinha música na novela nem nada, mas voltando ao tempo podemos dizer que, hmm… ela tava quase no ponto de estourar.
Quando botei o cd no player e ouvi a primeira palavra da primeira música do cd, sim, a posteriormente famosa, Don`t know why, quase caí pra trás. Achei ela TÃO diferente de tudo que eu já tinha ouvido e ao mesmo tempo tão familiar, aquele tom de voz de diva de jazz dos anos 50 que conseguia ser atual. Confuso tentar detalhar.
É sorte que os cds não desgastem porque do contrário, o Come Away With Me, já teria acabado, com certeza. Meu pai acabou me dando o cd, porque né, eu gostei muito mais do que ele. Desde então acompanho a carreira da Norah Jones, e apesar dos prêmios ( Grammy uh lá lá) é curioso ver como ela é uma artista low-profile, que faz sua música, mas que não mostra interesse em aparecer mais do que a música em si.
E olha, ela bem que poderia. Gosto muito dessa postura dela de ser muita coisa mas não se portar como tal. Porque vou te contar, o que tem de gente na indústria da música que se acha isso tudo e não é nem um milionésimo do que ela é não tá no gibi, viu.
Apesar do seu último álbum, o The Fall ter uma pegada mais pop e experimental ( que eu a-do-ro, by the way), Norah Jones não é uma artista das massas e nem dos alternativos. Ela fica nesse meio-termo, no lugar entre os amantes do jazz e do blues, apesar de não ser um cantora de jazz e blues.
Acho que se eu pudesse inventar uma categoria para colocá-la seria na categoria amantes da boa e principalmente, discreta música.
Mas ela é muito mais do que isso.
Pensando bem, não é necessário que a classifiquem, ela conseguiu alcançar um status de categoria ambulante.
Norah Jones é Norah Jones e ponto.
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Discografia oficial: Come Away With Me |Feels Like Home |Not Too Late |The Fall