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terça-feira, 4 de setembro de 2012

. Tudo o que não lhes interessa


Deixei o chamado batendo na porta.
Aqueci-me com uma sopa de supermercado.
Aconcheguei-me no caos de um dia de trabalho.
A chuva bateu no vidro do ônibus.
O horizonte dos carros cinzas me lembrou suas palavras de esperança.

A visão do emaranhado do meu silêncio.
A observação do cotidiano dos estranhos, que de alguma forma traz alívio.
O suspiro das preocupações que vagam como letreiros luminosos em minha mente cansada.
A caneca com o chá quente que assoprei buscando conforto.

Tudo se resume à isso.
À essa busca pelo aparente banal que sempre se revela misterioso.
Por mais contraditório que isso possa parecer.

De cada pegada que dou nos meus dias singelos e quietos.
À espreita dos acontecimentos mil das mil vidas alheias.
Como me interessa todos os detalhes que eles desprezam!

Sentada no banco da realidade sinuosa. 
Aquela, que para muitos, é atormentante.

Observo.

Observo você.
Observo eles.

Sempre em suaves passos mantenho-me lado a lado.
Apoio-me por cima de seus ombros.
Como me intriga tudo que eles nem sequer sonham interessar.

Pois na sua banalidade reside a minha criação.