Fui e voltei. Dei voltas pelos problemas e como um legista que executa uma autópsia, destrinchei cada pedaço do todo que me envolve.
Em um determinado momento, as agulhas que permaneciam na pele começaram a incomodar.
Assim, como um sentimento de um doente sem morfina.
E então, me dei conta de que a espessura delas era maior do que pensava. E também mais profundas do que aparentavam.
Como uma linha imaginária, transparente parecem os limites do respeito.
Aquele que é subjetivo e frágil. Que com um simples assopro pode virar uma ventania tempestuosa.
Quebra os galhos, as janelas. Destrói toda a casa construída.
Como reparar os danos do que não é visto?
Enxerguei ao longe e de fora.
Sacodi os lençóis e reli o passado.
Quando voltei à mim, vi que muito estava destruído. E o caos vinha de muitas direções, como se eu não pudesse contê-los.
Senti sua luz distante, me afoguei nas profecias que você me contou. E ainda não cheguei no fundo.
Mas um retrocesso me engoliu. Nadando contra a corrente para voltar ao eu que me fez, me pergunto:
"Até quando?"
Do macroscosmo dos céus, então relacionei as suas grandes tragédias com os meus pequenos demônios.
Microcosmo do que eu ouvi.
Destino do que li.
Livre arbítrio, será mesmo?
Enquanto busco as respostas, as perguntas me sufocam.
E do limbo que acordei, ainda tento administrar as ilusões ao meu redor.
As mesmas que começam e recomeçam, me puxando para o fundo do seu ser.
Está tudo nebuloso.
Mas ainda há de haver luz.