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quinta-feira, 28 de agosto de 2008

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Eu não tenho certeza de nada.
Sou uma dúvida caminhando por aí. 
Sou uma dúvida com pensamentos desvirtuados, com desejos insaciados.
Organizo linhas de raciocínio, notas mentais, listas de compras do supermercado.
Ordeno sonhos ainda não alcançados, idéias pulverizadas, caminhos a serem percorridos.
Vivo através de pensamentos alheios, desabafo pelas suas palavras, me encontro nos seus sentimentos.
Idealizo você, idealizo a sua vida, espelho você.
Compreendo as virtudes, as vicissitudes da existência por entre seus lampejos de felicidade, seus sorrisos lúdicos, sua inquietude admirável.
Falo de interiores, de vidas passadas e de tempos futuros.
Respiro o ar da Praça Paris, levito com o vento dos carros, me encontro nas canções energéticas.
Eu caminho por aí, eu penso no ônibus, decido a vida no chuveiro e tenho idéias incríveis ao juntar ipod e ruas.
Mas o tempo passa, as linhas somem, eu não anoto as idéias e continuo andando.
Perdida por aí. 
Ou seria achada?
Não seria então a falta das anotações das minhas melhores idéias a responsável pelo meu contínuo caminhar?
Não seria ela, a protagonista das minhas melhores histórias, a razão pela qual eu me mantenho criando, desejando?
Eu não tenho certeza de nada. 
Eu sou uma interrogação caminhando por aí.
Mas uma interrogação que precisa do vazio para encontrar a si.
E perder a si.
Eu sou uma dúvida em constante renovação.
Eu não tenho certeza de nada.